Agora que você já conhece o March, é hora de ver se ele tem condições de entrar na briga dos 1.0 completos, afinal muita gente vem percebendo os benefícios de viver um dia a dia com um carro capaz de aliar conforto, segurança, economia e design. Reunimos os estreantes March e Picanto e os levamos para nossa pista, em Limeira (SP), para encarar o Uno e o Gol, veteranos no nome, mas com visual atraente na geração atual.
A Kia oferece o Picanto completo de série - exceção feita ao ABS, disponível no único pacote de opcionais, junto com airbags laterais e do tipo cortina, teto solar elétrico e faróis e lanternas com leds, por 5 000 reais. Como airbag duplo, ar-condicionado, direção assistida, trio elétrico, rodas de liga leve e som completo, entre outros, são de série no Picanto, calculamos o preço dos rivais com os mesmos itens. Consideramos também os custos após a compra (seguro, peças, revisões), os números de desempenho, o período de garantia e as impressões ao dirigir. Com ingredientes tão bons, não há como os pratos não produzirem um cardápio atraente. Bom apetite.
4º FIAT UNO VIVACE 1.0 8V
Com 3,77 metros de comprimento e 2,38 de entre-eixos, o Uno tem o mesmo porte do March, com 3,78 e 2,45 metros. O Uno é fruto de um projeto racional: não é campeão em capacidade de porta-malas nem em espaço interno, mas vai bem em ambos (veja ficha técnica comparativa na pág. 84).
Bom de briga em preço de seguro, revisões e peças, o Uno derrapa em duas ocasiões. Ao entrar no site da Fiat e simular a montagem de um carro com os mesmos itens que o Picanto, ele salta para pesados 38 548 reais. A aridez do Vivace básico explica o investimento de mais de 10 000 reais em opcionais. O modelo de entrada pede a inclusão de itens como banco do motorista, volante e cintos dianteiros com regulagem de altura, moldura plástica do painel, espelho no para-sol, apoio de pé, console central entre os bancos, cintos laterais traseiros retráteis e até comando interno manual dos retrovisores externos, além de, claro, direção hidráulica, rodas de liga leve, faróis de neblina, airbag duplo e travas e vidros elétricos - o ABS está incluso no pacote das bolsas infláveis.
O outro ponto de (clara) desvantagem do Uno vem da análise dos números de pista. Tanto os de desempenho (aceleração e retomada) quanto os de consumo estiveram entre os piores ou na média dos da turma. O Fire Evo 1.0 demorou 17,1 segundos para permitir ao Uno ir de 0 a 100 km/h. March, Picanto e Gol cumpriram a mesma prova em 14, 14,4 e 14,5 segundos.
No acabamento, o Uno é inferior aos rivais, sensação provocada pelos plásticos com algumas rebarbas e carpete simples. O painel não tem conta-giros e os apoios de cabeça dos bancos dianteiros são fixos, costurados no encosto. Só ele é assim.
CUSTO DE VIDA
Preço básico: R$ 28 480
Preço equipado: R$ 38 548
Seguro: R$ 1 468
REVISÕES
15 000 km: R$ 164
30 000 km: R$ 464
45 000 km: R$ 396
60 000 km: R$ 924
ToTal: R$ 1 948
PEÇAS
Pastilhas (par diant.): R$ 101
Kit de embreagem: R$ 319
Amortecedores (par diant.): R$ 303
Farol esquerdo: R$ 315
Capa de para-choque (diant.): R$ 269
Retrovisor esquerdo: R$ 160
ToTal: R$ 1 467
3º VOLKSWAGEN GOL 1.0 8V
O Gol básico é quase tão pelado de equipamentos quanto o Uno. Seus maiores "luxos" são a regulagem de altura do banco do motorista e o revestimento dos painéis de porta em tecido, ambos de série. Itens menores, como conta- giros, luzes de leitura e banco traseiro bipartido, só pagando à parte - e é aí que está o problema. Nivelar o Gol em equipamentos ao Picanto significa arcar com um investimento extra de 12 340 reais, o equivalente a 40,6% sobre o preço básico. Ou seja, com os 42 720 reais do Gol "completo" é possível comprar um Picanto topo de linha, de 39 900 reais, com teto solar elétrico, airbags laterais e de cabeça, ABS e faróis e lanternas de leds. Considerando o preço do litro do álcool em São Paulo a 1,80 real e o consumo de 12,8 km/l, o troco de 2 820 reais permitiria ao Picanto encarar 20 053 km de estradas.
Na análise da qualidade de acabamento, o Gol se assemelha ao March, com peças plásticas sem rebarbas e bem alinhadas. O nível de espaço também é semelhante entre ambos, com pequena vantagem para o March na cabine e para o Gol no porta-malas.
Com prazo de garantia total de apenas um ano, Gol e Uno perdem feio para os concorrentes asiáticos: a do March é de três anos e a do Picanto, de cinco anos.
O preço de seguro, apesar de um pouco acima da média, não assusta como há alguns anos. Mas o custo das peças, algo que sempre foi um trunfo dos VW, hoje está entre os mais altos. A projeção de gastos com revisão até 60 000 km sugere um empate técnico com o Uno.
Na pista, o Gol se mostrou arrasador nas provas de retomada e frenagem e mediano nas de aceleração e consumo.
CUSTO DE VIDA
Preço básico: R$ 30 380
Preço equipado: R$ 42 720
Seguro: R$ 1 680
REVISÕES
10 000 km: R$ 181
20 000 km: R$ 185
30 000 km: R$ 336
40 000 km: R$ 385
50 000 km: R$ 266
60 000 km: R$ 537
ToTal: R$ 1 890
PEÇAS
Pastilhas (par diant.): R$ 153
Kit de embreagem: R$ 764
Amortecedores (par diant.): R$ 551
Farol esquerdo: R$ 277
Capa de para-choque (diant.): R$ 569
Retrovisor esquerdo: R$ 150
ToTal: R$ 2 464
2º NISSAN MARCH 1.0s
Na análise geral, o March sai de seu primeiro comparativo praticamente empatado com o Gol. A garantia de três anos, o efeito novidade e o menor custo de manutenção (peças e revisões) pesaram a favor do estreante japonês diante do Gol, que passará por uma reestilização em 2012 e tem garantia de apenas um ano.
Importante para a Nissan, o March tem a missão de levar para as concessionárias um tipo de cliente diferente daquele a que está acostumada. "Com menos dinheiro, mas igualmente exigente em termos de acabamento", diz o gerente de vendas de uma das principais lojas da marca em SãoPaulo. Na versão básica, o preço do popular parte de 27790 reais. Na 1.0S, aqui analisada, o preço sobe para 33390 reais - rodas de liga leve com pneus 175/60 R15 são o único opcional, por 700 reais o conjunto. A versão com um novo motor 1.6 estreará ainda em 2011 e, segundo expectativa da Nissan, responderá por 40% do mix. No geral, a marca espera vender entre 4000 e 5000 March por mês.
A Nissan pode ter exagerado na dose ao afinar as relações de marcha para garantir agilidade ao March. Muito curtas, elas dão ao carro um "pulo" ótimo, mas comprometem o consumo urbano e rodoviário. E, nesse segmento, bons números de consumo de combustível são primordiais. Com o ar-condicionado ligado, o March passa a impressão de sofrer mais com a perda de potência que seus rivais.
Os bancos, com espuma tão densa quanto a do Gol e a do Picanto, mas com abas laterais destacadas no assento e no encosto, sustentam bem o corpo quando o motorista resolve tirar proveito da suspensão de calibragem esportiva, mais rígida, ao contornar as curvas.
CUSTO DE VIDA
Preço básico: R$ 33 390
Preço equipado: R$ 34 090
Seguro: R$ 1 547
REVISÕES
10 000 km: R$ 149
20 000 km: R$ 299
30 000 km: R$ 249
40 000 km: R$ 499
50 000 km: R$ 249
60 000 km: R$ 299
ToTal: R$ 1 744
PEÇAS
Pastilhas (par diant.): R$ 82
Kit de embreagem: R$ 318
Amortecedores (par diant.): R$ 242
Farol esquerdo: R$ 250
Capa de para-choque (diant.): R$ 236
Retrovisor esquerdo: R$ 115
ToTal: R$ 1 243
1º KIA PICANTO 1.0 12v
O desenho atraente antecipa: o Picanto é fruto de um projeto moderno. Com 3,60 metros de comprimento, ele é menor que os rivais, mas consegue oferecer um nível de espaço de cabine similar na dianteira e traseira. O problema está no porta-malas, de apenas 200 litros - quase 30% menor que o do Gol, com 285 litros. Em todos os quatro modelos aqui alinhados, o transporte de três adultos no banco traseiro é contraindicado, mas só o Picanto oferece apoio de cabeça e cinto de três pontos retrátil para o ocupante do centro.
O motor tem apenas três cilindros, mas conta com duplo comando no cabeçote e variador de fase para as válvulas de admissão e escape, o que o ajuda a trabalhar de maneira otimizada em qualquer faixa de rotação. Na prática, essa superioridade técnica surge na pista, onde o Picanto registrou ótimos números de ruído e consumo sem comprometer os de desempenho - foi muito bem em aceleração e retomada.
Testado na versão básica, sem ABS, o Kia, apesar de ser o mais leve da turma, registrou as piores passagens nas provas de frenagem - bom seria se a marca colocasse o dispositivo como item de série.
Contudo, se apresenta um acabamento de qualidade muito superior ao dos rivais, o Picanto derrapa no pós-venda. Há um ano, o presidente da marca, José Luiz Gandini, anunciou que a Kia estava em vias de divulgar ao público sua política de preços fixos para peças e revisões, mas até hoje o plano não saiu do papel e a sugestão de valores fica restrita à rede. O problema é que as autorizadas ignoram a recomendação, como constatamos ao ligar para a paulistana Autostar, que confirmou o preço da cesta de peças, mas informou um custo total de revisões 23% mais caro: 3238 reais.
CUSTO DE VIDA
Preço básico: R$ 34 900
Preço equipado: R$ 39 900
Seguro: R$ 1 524
REVISÕES
10 000 km: R$ 290
20 000 km: R$ 290
30 000 km: R$ 290
40 000 km: R$ 790
50 000 km: R$ 290
60 000 km: R$ 690
ToTal: R$ 2 640
PEÇAS
Pastilhas (par diant.): R$ 190
Kit de embreagem: R$ 450
Amortecedores (par diant.): R$ 580
Farol esquerdo: R$ 660
capa de para-choque (diant.): R$ 590
Retrovisor esquerdo: R$ 780
ToTal: R$ 3 250