Siena e Voyage dominam o segmento dos sedãs pequenos não populares, com motor acima de 1.0. Nele, o consumidor é racional e faz questão ainda de um bom pacote de equipamentos de segurança e conforto para ele e sua família. "Nunca vendi tanto Voyage com ABS e airbag", disse um vendedor da concessionária paulistana Caraigá, confirmando o bom momento que vive o segmento. Corsa, Prisma, Classic, Logan, Symbol, Polo e Fiesta ficam de fora por venderem bem menos que Siena e Voyage ou simplesmente porque atingem outra faixa de consumidor.
Apoiado numa estratégia de oferecer mais (equipamentos) por menos (dinheiro), o J3 Turin estreia disposto a conquistar espaço. Acompanhe, a seguir, como ele se sai no confronto direto com seus rivais.
Com bom desempenho na pista, o Siena derrapou na análise "de bolso". De acordo com a Audatex, o Fiat é o sedã com a Cesta QUATRO RODAS mais cara do comparativo. Já a corretora de seguros detectou que o Siena também é o dono da apólice mais cara entre os três modelos aqui reunidos. Por fim, houve um empate técnico com o Voyage na projeção dos custos com as revisões até 30 000 km, apurados nos sites das fábricas: 680 reais do Fiat contra 687 reais do Volkswagen - o JAC foi, em média, 15,3% melhor, com uma conta de 579 reais.
Na análise estética, o Siena sofre mais pela decoração antiga da cabine do que pelo visual da carroceria. Se as lanternas horizontais estilo Alfa Romeo lhe conferem certo ar de requinte, entrar no Siena tem um quê de volta ao passado - esse layout do painel estreou em 2004 na família Palio.
Para se nivelar ao J3 Turin em equipamentos, Siena e Voyage precisam do mesmo pacote, com ar, direção, ABS, airbag duplo, som, alarme, vidros traseiros e retrovisores elétricos, rodas de liga leve, banco traseiro bipartido e sensor de ré. No Fiat, esse conjunto acresce 10108 reais, fazendo o preço saltar de 40 230 para 50 338 reais.
O Voyage não vacilou: onde o Siena derrapou, ele botou de lado e ultrapassou. Contra o Fiat, foi forte no preço de peças e de seguro. Mas foi igualmente frágil diante do JAC em custo de revisões e no preço com equipamentos nivelados. Mas há que se ressaltar que o Voyage é de longe superior aos rivais em qualidade de acabamento e dirigibilidade. Os plásticos utilizados são foscos e de toque agradável. Com projeto menos datado que o do Siena, o VW tem um layout muito mais harmonioso e atual, o que reforça a sensação de qualidade geral. Se você é do tipo que dá "peso 2" ao prazer ao dirigir, sinta-se à vontade para inverter o resultado, pois o Voyage é o que melhor se comunica com o piloto. A suspensão, mais rígida, é a que oferece a melhor relação entre desempenho e conforto. Na estrada, é firme em velocidades elevadas. Na cidade, a direção com assistência na medida certa proporciona conforto nas manobras e uma comunicação de pronta resposta em meio ao trânsito.
Quanto ao aproveitamento de espaço, os três sedãs são equivalentes. O Voyage tem o menor porta-malas, com capacidade para 480 litros - algo como uma mala de bordo (20 litros) a menos que o Siena (500 litros) e uma mochila escolar (10 litros) a menos que o J3 (490 litros). O JAC tem mais espaço na dianteira, mas o Voyage é quem recebe melhor o motorista: é o único com ajuste de profundidade do volante. Em todos, a coluna é regulável somente em altura.
Nivelado em equipamentos ao J3 Turin, o Voyage pede um acréscimo de 9 360 reais, passando a custar 50 520 reais.
A JAC decidiu chamar seu motor de 1 332 cm3 de 1.4. Estranho, mas Honda, Fiat e Mercedes fazem o mesmo em alguns de seus carros. O que importa mesmo é o resultado obtido pelo motor com bloco de alumínio e comando variável das válvulas de admissão. Produzido pela austríaca AVL - fábrica que desenvolveu e produziu o sistema de recarga das baterias do Audi A1 e-tron -, o motor bebe só gasolina por enquanto, mas uma central flex deverá ser adotada em 2012. Na pista, o J3 mostrou, como era previsto, menos pique nas acelerações e retomadas que seus rivais de motor 1.6 flex. Considerando os números obtidos na prova de consumo urbano, o gasto com gasolina a cada 100 km é de 24,46 reais - com etanol, o Voyage gasta 27,87 e o Siena 26,83 reais.
Some ao custo-benefício matador uma garantia de seis anos, um comportamento tão satisfatório quanto o do Siena e os menores preços de peças, revisões e seguro e terá reunido os motivos que levaram o J3 Turin à vitória. Sim, um carro chinês faturando um comparativo contra os dois sedãs instalados no topo do ranking de vendas, quem diria? Talvez nem mesmo os próprios chineses.