domingo, 19 de junho de 2011
VOYAGE X 207 PASSION X SIENA
Eis aqui os representantes do PDME, o Partido Democrático do Menor Esforço. Para quem procura libertar-se do jugo das trocas de marcha, esses candidatos compartilham em suas plataformas o foco na economia (de combustível) e o bem-estar da família (e sua bagagem). E falam diretamente àqueles que têm garagem e orçamento compactos. A chegada do novo motor E.torQ ao Siena provocou o debate, ou melhor, embate entre Fiat Siena Dualogic, Peugeot 207 Passion e VW Voyage i-Motion. Agora vamos à transmissão...O modelo mais moderno do comparativo era sério candidato ao título. Se o perdeu, foi por culpa do desempenho mediano em todos os quesitos a não ser em “Carroceria”, no qual o Voyage venceu pela concepção atual.
O acerto do câmbio ASG, ou i-Motion, como a Volkswagen decidiu apresentá-lo, é o melhor dos dois sedãs automatizados testados. Durante as passagens de marcha, o tempo de desacoplamento e acoplamento da embreagem é perceptível, mas não incomoda tanto quanto no Siena. O acabamento do carro também é superior ao do concorrente da Fiat.
Na pista, suas retomadas são mais lentas e ele acelera até os 100 km/h em mais tempo. Menos potente que o Fiat, ele é mais leve, mas isso não se transformou em vantagem, na prática. A medição em que ele se saiu melhor foi a de frenagens em alta velocidade.
A aspereza do motor EA-111 torna o Voyage mais barulhento que o concorrente da Fiat, característica que poderia ser atenuada com um isolamento acústico mais bem cuidado. Em compensação, é do Voyage o mais baixo consumo de álcool, justificado em parte por sua taxa de compressão mais alta, que aproveita melhor o combustível de origem vegetal.
Na coluna de méritos do sedã automatizado da Volkswagen fica a posição de dirigir, a melhor entre os três. Contam para isso a regulagem de altura do banco e a da coluna de direção, que pode ser ajustada em altura e distância. Tudo de série. O Siena só oferece a regulagem da altura do volante. A do banco é opcional, o que ajuda a entender por que o Siena oferece a pior relação custo-benefício deste grupo.
A boa base do Voyage, a mesma do Polo, também oferece o maior entre-eixos entre os concorrentes. Em termos de porta-malas, ele tem 480 litros. Menos que os 500 litros do Siena, mas é o melhor compromisso para quem precisa de espaço.
Lançado em setembro de 2008, o VW é o que terá vida mais longa. O Siena deve dar lugar a sua segunda geração em 2012, derivada do projeto 327, cujo primeiro fruto será o novo Palio, esperado para 2011. Se tivesse conteúdo mais atraente, trunfo do 207 Passion Automatique, ou desempenho mais convincente, caso do Fiat, o Voyage poderia ter se firmado como a melhor opção entre os sedãs pequenos que não gostam do pedal de embreagem. Não foi desta vez. Ainda que a Fiat diga que o sistema Dualogic é automático, o único sedã pequeno que realmente conta com esse tipo de transmissão é o 207 Passion. Tanto para o bem quanto para o mal.
No extremo positivo, o câmbio automático AL4 não dá os mesmos solavancos que os sistemas manuais automatizados apresentam, aqueles causados pelo intervalo entre uma troca de marcha e outra, quando a embreagem desacopla. A condução é a mais suave entre os três sedãs que avaliamos. Outra vantagem é a ausência de embreagem, que continua a existir nos automatizados e exige substituição de tempos em tempos. Por outro lado, em caso de problemas, o reparo de uma caixa automática tende a ser mais dispendioso.Se esse primeiro lugar é surpresa para você, também é para nós, mas os números não mentem. Do trio, o Siena é o mais velho, o de pior custo-benefício e o com acabamento que mais merece ressalvas. Mesmo com tantos poréns, o sedã pequeno da Fiat conta com um argumento forte para vencer diante dos quesitos que avaliamos. Ele se chama E.torQ.
É do motor a responsabilidade pelos melhores números de desempenho deste comparativo. O Siena acelera até os 100 km/h mais rápido que seus concorrentes. Também retoma a velocidade em menos tempo. Nas frenagens, empatou com o Voyage no número de menores distâncias percorridas: duas para cada lado. Objetivamente, houve empate, ainda que o Voyage tenha se saído melhor em velocidades mais altas. E o Fiat é o menos barulhento. Isso o torna o modelo mais seguro, o mais silencioso e o dono do melhor conjunto mecânico, ainda que o sistema Dualogic fique aquém do i-Motion em termos de suavidade. Como ambos são da Magneti Marelli, isso é questão do acerto que cada fábrica confere a seus modelos.
Em termos de aparência, o estilo do Siena sofreu renovação em novembro de 2007, ganhando uma traseira digna de Alfa Romeo e linhas mais harmoniosas, mas ela não foi suficiente para diminuir a idade do projeto. As linhas ainda são muito quadradas, destoando até das que o resto da família Fiat apresenta (basta ver o Linea). O problema de falta de espaço interno que o carro enfrenta é crônico, o maior responsável por haver tão poucos Siena nas mãos de taxistas: os passageiros reclamam do banco de trás. O porta-malas de 500 litros não ajuda em nada a melhorar essa situação. Só a segunda geração do carro, prevista para chegar em 2012, dará conta do problema.
Os mais preocupados com modernidade e espaço interno irão de Voyage. Os fãs de equipamentos de série, de seguro baixo e de conforto ficarão com o 207 Passion. Quem não quer saber de barulho nem de moleza, quer frear rápido e gastar razoavelmente pouco, com a segurança que freios adequados e um bom motor proporcionam no caminho, terá no pequeno Siena uma grande opção de candidato à vaga da garagem.
Mas o câmbio do 207 não é imune a solavancos. Quando exigido, particularmente na cidade, o câmbio pode dar trancos, típicos de uma troca de marcha feita às pressas. O casamento da transmissão de quatro marchas com o motor de 1,6 litro, pequeno e com torque baixo para esse tipo de câmbio, não é dos mais plácidos. A estrada tende a esconder o problema. Isso até a necessidade de uma ultrapassagem, quando se nota alguma demora na redução de marchas.
Para quem gosta de dirigir sem pressa, o que o 207 Passion oferece de melhor é seu custo-benefício. Apesar de ter o preço básico mais alto entre os concorrentes, ele é o que sai mais em conta quando Voyage e Siena recebem o mesmo nível de equipamentos que ele. Isso significa ter de comprar como opcionais ar-condicionado, ABS, rodas de liga leve, vidros elétricos traseiros e até regulagem de altura do banco do motorista. Foi nas versões completas que avaliamos todos os sedãs deste comparativo, daí a vantagem do Peugeot.
O 207 Passion dispõe de freios a disco nas quatro rodas, algo que seus concorrentes não oferecem nem como opcional. O problema é que nem eles nem o sistema ABS de série se revertem em benefício prático para o carro. Em nossos testes de frenagem, ele ficou atrás do Volks e do Fiat, o que se explica por seu maior peso. O Peugeot também ficou atrás dos concorrentes em desempenho, que ainda levam a melhor no quesito porta-malas.
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